LOBIVAR MATOS
Lobivar Matos (1915-1947) foi um escritor e poeta brasileiro nascido em Corumbá-MS.
Sua obra poética, modernista, traz-nos o verso livre e branco e traços que prenunciam as disposições gráficas da poesia concreta. Perambulam por seus textos pobres, excluídos, homens e mulheres comuns e, por isso mesmo, poéticos, líricos e de uma beleza cotidiana tão reclamada por poetas modernistas.
Amigo do poeta Manoel de Barros, Lobivar morreu cedo, aos 32 anos, deixando-nos apenas dois livros de poemas publicados: “Areôtorare, poemas boróros”, de 1935 (areôtorare é o nome do índio contador de histórias da tribo, e boróros eram os índios que ouviam essas histórias) e “Sarobá”, de 1936 (cujo nome se refere a um bairro da sua cidade natal, Corumbá).
Além disso, ainda escreveu contos e crônicas.
A pesquisadora Susylene Araújo, em sua tese de Doutorado “A Vida e a Obra de Lobivar Matos: o modernista (des) conhecido” (2009), fez um trabalho, digno de ser mencionado, de resgate crítico desse artista.
NATUREZA MORTA
por trilhos novos.
E os bondes enfileirados
andam devagar.
Os passageiros estão inquietos.
Alguns não se conformam
e descem apressados, praguejando.
Outros procuram distração
nas entrelinhas dos jornais.
Meus olhos grudaram nos gestos fortes
dos homens feios,
e eu, intimamente, justifico,
achei natural o atraso dos bondes
e a troca dos trilhos velhos...
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