João Manuel Pereira da Silva (1817-1898), fundador da cadeira 34 da academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Sousa Caldas, foi escritor, crítico biógrafo, poeta, tradutor e historiador na chegada do Romantismo ao Brasil, surgindo como um precursor e visionário na criação da narrativa de ficção no século XIX. O autor foi um exemplo nato do espírito romântico que cobriu o cenário literário brasileiro dos anos de 1800. Seu nacionalismo literário, proclamado no artigo na publicação Niterói, revista brasiliense de 1836, fundada por Gonçalves de Magalhães, Pereira da Silva, Pôrto Alegre e Sales Tôrres Homem (publicação que, juntamente a Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, inaugura o Romantismo brasileiro), ganha vida nas criações ficcionais publicadas no ano seguinte.
O Gabinete de Leitura, periódico editado no Rio de Janeiro, foi o veículo pelo qual Silva disseminou histórias que visavam entreter e forjar uma identidade literária nacional. Com 35 números em 9 meses, o jornal desempenhou um papel vital na moldagem da prosa de ficção brasileira.
O conjunto de obras de Pereira da Silva, especialmente destacado por seis narrativas no revela uma habilidade distintiva de assimilar os modelos do Romantismo europeu enquanto almeja produzir uma literatura nacional. A localização das histórias no espaço e no tempo, particularmente na Província do Rio de Janeiro, demonstra a busca pela abrasileiramento da ficção, um esforço consciente para enraizar as narrativas no solo pátrio.
Os enredos mostram um emaranhado de elementos românticos, desde paixões intensas, peripécias amorosas (tão caras aos romances da época) até finais trágicos. O amor impossível, o ciúme, o pecado, o sofrimento e a tragédia tornam-se fios condutores de um panorama característico do romantismo. Mas também cabem críticas sociais e ironias, antecipando olhares ficcionais alencarinos e machadianos.
O estilo de Silva é um testemunho do romantismo, com narradores ora em primeira pessoa, ora externos e oniscientes. Sua habilidade de se expressar com subjetividade, sentimentalismo e imagens vívidas empresta uma qualidade distintiva às suas obras. O autor assume não apenas o papel de contador de histórias, mas também como um participante ativo no mundo que cria.
João Manuel Pereira da Silva, ao publicar suas narrativas em um momento crucial na história literária brasileira, contemporizou com o Romantismo europeu e contribuiu para a formação de uma literatura nacional. Além disso, seu papel na historiografia nacional foi consolidador. segundo Alfredo Bosi, em sua História Concisa da Literatura Brasileira, "Pereira da Silva (1817-98) compilou o Parnaso Brasileiro (1842) e foi cronista encomiástico no Plutarco Brasileiro (1847), obras que contribuíram para balizar o meufanismo romântico".
Na página da Academia Brasileira de Letras, há o seguinte relato em relação à escassa documentação sobre sua biografia:
Pereira da Silva, um dos fundadores da Academia, quando contava já oitenta anos, foi um acadêmico que ficou sem elogio nesse ilustre cenáculo. Tendo falecido dois anos após a fundação, foi sucedido pelo Barão do Rio Branco, que tomou posse por meio de carta, deixando por isso de estudar a figura e a obra de seu antecessor. Os sucessores do Barão não estavam obrigados a esse estudo, e assim permaneceu sem exame profundo tudo quanto fez aquele acadêmico, polígrafo e historiador com muitos volumes publicados.
Abaixo segue uma lista com suas obras:
- Uma paixão de artista, 1838.
- O aniversário de D. Manuel em 1828, 1839.
- Religião, amor e pátria, 1839.
- Jerônimo Corte-Real, 1840.
- Aspásia, (s.d.).
- Parnaso brasileiro, 2 vols., 1843-48.
- Plutarco brasileiro, 2 vols., 1847.
- Varões ilustres do Brasil durante os tempos coloniais, 1858.
- Obras literárias e políticas, 2 vols., 1862.
- História da fundação do Império, 7 vols., 1864-68.
- Segundo período do Reinado de D. Pedro I no Brasil, 1871.
- História do Brasil de 1831 a 1840, 1879.
- Nacionalidade da língua e literatura de Portugal e do Brasil, 1884.
- Felinto Elísio e sua época, 1891.
- Memórias do meu tempo, 1897.
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